A palavra professor originou-se do termo em latim professus, que significa algo como "indivíduo que declara em público" ou "pessoa que declarou publicamente". Essa etimologia carrega consigo muito do papel que o professor desempenhou por tanto tempo, como alguém que transmite conhecimento a um público - no caso, seus alunos. Mas será que esse é, de fato, o papel do professor atualmente?
Hoje, a realidade social, educacional e tecnológica é muito diferente daquela de 50 anos atrás. Por isso, mudanças no papel do professor devem ser encaradas como naturais para acompanhar esse cenário.
Como veremos a seguir, a ressignificação do papel do professor torna sua atuação ainda mais essencial no processo de ensino-aprendizagem e estratégica para um desenvolvimento mais integral do aluno enquanto futuro cidadão crítico, criativo, participativo e pensante.
O papel do professor está, em boa medida, relacionado com a evolução da informação na sociedade ao longo de nossa história - portanto, essa associação não é de hoje.
Com o aperfeiçoamento da escrita, o modo de produzir e transmitir informações foi revolucionado. Com o objetivo de difundir essas informações à sociedade, os professores começaram a conquistar espaço, atuando como tutores com alto grau de conhecimento.
Nesse momento, como é possível imaginar, o ensino era fortemente alicerçado no que o tutor da criança considerava ser importante que ela aprendesse e em sua versão de tais conhecimentos.
No entanto, a demanda por esse serviço cresceu e, assim, salas de aula começaram a ser instituídas. No Brasil, um marco importante foi um decreto imperial de D. Pedro I, no ano de 1827, que determinava que "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Após isso e por muito tempo ainda, fez parte do papel do professor atuar como uma espécie de filtro das informações que deveriam ser transmitidas aos jovens.
Até aqui, o acesso às informações não era tão democrático ou facilitado, demandando do professor o papel de buscar, assimilar, selecionar e transmitir conhecimentos aos alunos. Esse cenário foi revolucionado com o surgimento dos computadores domésticos e da internet, principalmente entre o final dos anos 1990 e início de 2000, quando o acesso à rede mundial foi mais fortemente consolidado, assim como o uso de celulares.
Com isso, as possibilidades de acesso direto às informações aumentaram de modo exponencial. E esse fato contribuiu para que o papel do professor pudesse e precisasse ser também atualizado.
Que tal fazermos um paralelo? Há alguns anos, muitos de nós esperávamos o jornaleiro entregar a edição do dia para obtermos informações "atualizadas". Hoje, a nossa noção de dado "atualizado" mudou muito, com a cobertura minuto a minuto que podemos encontrar facilmente na internet. Isso é, temos acesso ágil e facilitado à informação que precisamos. O mesmo ocorre com os jovens, que não precisam mais aguardar o professor buscar, selecionar e decupar informações para eles. E então, isso é ou não é uma grande mudança de paradigma?
A partir de mudanças como as que vimos, o papel da escola, dos alunos e dos professores mudou expressivamente. Mas, o papel do professor é e sempre será o de ensinar, certo? Sim e não. Hoje, o professor assume diversas frentes em sala de aula. Veja só:
A mimetização é uma das primeiras formas de aprendizado exploradas pelas crianças. Elas enxergam e imitam em boa medida o comportamento dos adultos com os quais têm contato - incluindo o professor.
Aqui, aquela máxima de que uma ação pode valer mais do que mil palavras mostra-se relevante, já que tudo o que o adulto faz transmite uma mensagem poderosa à criança.
Desse modo, esse profissional serve de exemplo para os alunos e um dos seus papéis é utilizar esse fato em favor do aprendizado. Uma das formas possíveis para isso é utilizar a chamada modelação, uma ferramenta de orientação por meio da qual a atitude do professor se torna um exemplo mais consciente e estimulado para o aluno. Com ela, as orientações são complementadas por uma ação que dê o exemplo de comportamento esperado, por exemplo.
Com o crescimento da adoção das metodologias ativas de aprendizagem - aquelas que colocam o aluno como protagonista na construção de seu conhecimento, participando ativamente de seu desenvolvimento -, cada vez mais o papel do professor também será o de um mediador.
Naturalmente, essa ressignificação pode levar a inseguranças de todas as partes, já que tanto alunos quanto professores e familiares estão acostumados, de forma geral, a perceberem o professor como quem planeja a aula e transmite conhecimento, que será testado e avaliado por meio de testes que reforçam seu papel de detentor único das informações. Mas, ao se experimentar essa nova dinâmica, os benefícios para todos são rapidamente detectados.
Como vimos, o papel do professor nos dias de hoje passa por orientar o aluno em sua jornada de aprendizado. E, para isso, ele atua como uma espécie de designer que projeta atividades e desafios para ajudar na condução nessa trilha.
Ainda, quando o aluno apresenta dúvidas ou dificuldades, o papel do professor não é o de apresentar a solução pronta para a questão, mas indicar um caminho a ser percorrido pelo estudante para que ele desenvolva a resolução.
O professor também exerce atividades de curador, que pesquisa e define informações, recursos e tarefas que sejam relevantes para o perfil heterogêneo de alunos de sua turma, ajudando-os a construírem um sentido nesse mosaico de estímulos a que foram expostos.
Outro importante papel do professor é o de mobilizar, estimular, sustentar e ampliar o desejo de aprender nos alunos. A curiosidade e o prazer de aprender e se desenvolver são combustíveis poderosos para impulsionar, agilizar e qualificar o processo de aprendizagem de qualquer pessoa. Com os jovens, isso não é diferente.
Em uma orquestra, o maestro ajuda a promover a harmonia entre todos os instrumentistas, faz a marcação de ritmo e do andamento, decodifica toda a complexidade das partituras e auxilia seus músicos a atuarem sinergicamente em conjunto.
Na sala de aula, o professor faz algo semelhante, sendo um "regente de pessoas", orquestrando diversas variáveis para ajudar os alunos a demonstrarem seu talento - que é potencializado quando eles conseguem trabalhar colaborativamente.
Esse pode parecer o papel mais óbvio do professor. No entanto, muito mais do que estimular o aprendizado de conhecimentos teóricos e técnicos, o professor estimula o aluno a “aprender a aprender”, “aprender a fazer”, “aprender a ser” e “aprender a conviver”, entre outros ensinamentos.
Desse modo, diante de um cenário no qual informações são criadas e atualizadas diariamente e que conhecimentos decorados tornam-se ultrapassados rapidamente, é também papel do professor formar "aprendedores", cidadãos que saibam como aprender e obter os dados que eles precisam para criar o conhecimento necessário.
Pode-se compreender que o professor também atua como uma espécie de coach de seus alunos. Isso porque ele precisa compreender as necessidades em específico dos estudantes, de modo a encontrar os gatilhos certos para estimulá-los e motivá-los para alcançarem seus objetivos de aprendizado e o desenvolvimento de habilidades e potenciais.
Sim, quem ensina também aprende! Em diversos momentos, na sala de aula, os papéis se invertem: os alunos ensinam algo para o professor. E isso torna a experiência de todos ainda mais próxima, rica e positiva.
O professor deve estar aberto para fazer trocas com o aluno, a aprender mais sobre ele, sobre suas preferências, sua comunidade, novidades tecnológicas ou até mesmo sobre quais séries e filmes eles recomendam.
Tudo isso ajuda o professor a projetar encontros mais contextualizados às demandas e realidades de suas turmas, utilizando recursos, linguagem e metodologias que sejam mais aderentes ao perfil dos estudantes e às suas preferências.
Pais e professor podem - e devem! - atuar de modo articulado para promover resultados ainda melhores no aprendizado e desenvolvimento da criança.
Apenas um desses elementos não é suficiente para suprir integralmente as necessidades educacionais, sobretudo na primeira infância. Por isso, a relação entre pais e professores é essencial. De modo conjunto, um ajuda e reforça a atuação do outro em prol do bem-estar, da motivação e do aprendizado da criança.
Nesse ponto, mostra-se importante salientar que, como o professor passa um período de tempo expressivo junto aos jovens, em situação social, diferentemente daquelas vivenciadas com a família em ambiente doméstico, ele também poderá apresentar uma visão bastante rica sobre o comportamento do aluno e ajudá-lo no desenvolvimento dessa outra dimensão formativa.
Outra questão importante é que, com as metodologias ativas e o ensino híbrido (que combina atividades on e offline, na escola, em casa, etc.), o apoio dos pais e seu alinhamento com o professor mostram-se ainda mais cruciais para um desenvolvimento integral e mais ágil da criança.
Na Red Balloon, levamos muito a sério a escolha de profissionais. Valorizamos o professor qualificado e empenhado em ser e fazer o melhor pelo seu filho. Que tal oferecer essa oportunidade única para seu pequeno?
E para você, qual é o papel do professor? Lembra de algum aspecto que se destaque na atuação desse profissional e que não incluímos aqui? Deixe sua mensagem nos comentários!